Tenho muito orgulho de na Universidade de Marília, participar do Projeto Amor de Criança, que considero um privilégio de Deus a oportunidade de conviver como médico com essas crianças chamadas especiais e pertencentes a famílias chamadas igualmente de especiais.
Diagnosticadas como crianças com Paralisia Cerebral ou Encefalopatia Crônica não Progressiva, por apresentarem um dano cerebral irreversível determinado por causas diversas, elas têm sido para mim e para Universidade de Marilia que as recebemos, muito especiais.
Faço parte de um grupo de trabalho formado por dedicados profissionais da área da saúde que inclui outros colegas médicos, que junto com outras especialidades como a fonoaudiologia, nutrição, fisioterapia, odontologia e terapia ocupacional, os quais realizam um eficiente atendido a essas crianças.
Além desses profissionais, tenho que fazer um destaque muito especial às pessoas, famílias e organizações chamados de voluntários, que identificando o que é uma criança com paralisia cerebral e reconhecendo as dificuldades de uma família que luta muito mais que 24 horas por dia para atender o filho em suas múltiplas limitações, têm de maneira extraordinária e com muito coração prestado apoio a essas famílias com atitudes que já nos emocionaram muitas vezes.
Esses voluntários, com clara demonstração de afeto, têm feito da Universidade de Marilia um templo onde os necessitados, além de carinho, recebem alimentos, fraldas, roupas e remédios, de tal modo que, podemos constatar uma demonstração clara de amor ao próximo (vale lembrar que esse é o segundo mandamento de Deus).
Quando vejo tudo o que acontece no Projeto Amor de Criança, aumenta a minha convicção que o mundo é impulsionado pelo amor, e por consequência disso, no ambulatório, no momento do atendimento, tenho claramente vivido essa verdade quando diante da mãe que chega com esforço, empurrando aquela especial cadeira de rodas, trazendo seu filho com gastrostomia, às vezes com traqueostomia, com deformidade ortopédica, que diante da pergunta que é rotina médica: “Como vai a criança, mamãe?/E ai Deus me faz ouvir dessa especial mãe: “tá ótimo doutor, agora tá ótimo”/Não tenho como não ficar perplexo!!! Que ótimo é esse, penso eu?”.
A resposta é única: O mundo é mesmo impulsionado pelo amor. Esse ótimo, tão espontâneo, de tanta superação, não é apenas o muito bom, mas esse ótimo é o ótimo do amor, do amor de quem ama o filho (assim como eu e você), é o ótimo do amor de Deus que com seu poder, “injeta” tanto graça nessas vidas que a resposta não poderia ser outra: “Tá ótimo doutor”.
É a resposta espontânea, confiante, de quem não consegue prever onde será o próximo momento, se na cadeira, se na maca ou se no hospital. Mas, tá ótimo doutor!!!
Esse é o Projeto Amor de Criança que precisa de quem ama para servir a quem ama e que chama o extremo da dificuldade de ótimo.
Ser participante do Projeto Amor de criança como profissional ou como voluntário é não deixar Deus sozinho em seu desejo de impulsionar o mundo pelo amor. “Tá ótimo, tamo junto E junto com Deus”.